Quanto tempo viveremos?

Sábado me deliciei novamente com mais uma crônica humana do médico J. J. Camargo. O título é instigante: “Se pudesses escolher, o quanto viverias?”. Ele discorre sobre o despreparo das pessoas diante do final da vida de nossos afetos. As descobertas da medicina e os avanços da indústria farmacêutica aumentaram a longevidade, mas geraram problemas.

Uma das consequências é a legião de idosos cujos cuidados representam um desafio às famílias. Alguns não abrem mão de cuidar dos pais/avós até o final. Outros tentam a internação em instituições que nem sempre atendem às expectativas. É doloroso conviver com aqueles que perdem a consciência e vivem numa realidade paralela. Alguns são agressivos. A doença de Alzheimer é uma tortura que massacra o paciente e familiares. Impõe um desafio de paciência e compaixão diárias. J. J. Camargo conta a história de rapaz cujo pai é acometido pela doença. Ao visitar o pai todos os dias, este pergunta:

“Que dia é hoje?” Ao que o filho responde: “Hoje é Dia dos Pais” e, em seguida, dá um abraço e um beijo no idoso desconcertado. “Você só vive uma vez, mas, se viver certo, uma vez é o bastante”. A frase abre a crônica e reflete a importância de como viver ao longo da nossa trajetória. Todos conhecem histórias de abandono, pouco-caso e desleixo com idosos. Temos, também, episódios de amor e zelo até o final.

Tento ser um pai presente, amoroso e responsável para com meus filhos – amorosos e interessados. Já disse a eles que pretendo encontrar uma instituição para autointernação para não ser um fardo para eles. Hoje ficam furiosos. E no futuro?

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