Embarcação do século XIX encontrada em obra da COP pode revelar parte da história de Belém, diz arqueólogo


Barco é resgatado em etapas para evitar danos e passará por conservação em processo coordenado pelo Iphan. Achado arqueológico foi encontrado em agosto de 2024 durante obras da COP 30 em Belém, no antigo córrego das Almas. Embarcação foi encontrada no canal da Doca durante obras da COP 30
Agência Pará
A embarcação metálica antiga encontrada submersa em uma obra da COP 30, em Belém, pode revelar parte da história da formação urbana da cidade, conforme afirmam estudiosos que atuam no processo de reestruturação do objeto.
O achado arqueológico, encontrado em agosto de 2024 durante reestruturação da Doca, na avenida Visconde Souza Franco, está dividido em três partes, onde dois deles já foram retirados para o processo de restauração, que deve durar 150 dias.
As pesquisas sobre a origem e outras curiosidades do achado seguem sendo realizadas, porém os pesquisadores já conseguem afirmar que a embarcação tem, pelo menos 100 anos.
Segundo o arqueólogo Kelton Mendes, da empresa responsável pela obra do local, a embarcação deve conter informações que contribuam para reflexões acerca da história de Belém e sobre como a sociedade modernizou as relações com os rios, vistos, antes, como as únicas vias de deslocamento antes do aterramento da cidade.
“O processo de construção da história desse achado é um pouco lento, pois tem que se fazer um levantamento histórico. A gente quer entender não só o objeto em si, mas também o contexto histórico em que ele está envolvido. É, no mínimo, algo do século XIX, porque só aqui, enterrada, essa embarcação tem mais de 110 anos”, afirmou.
Embarcação encontrada em canal de Belém pode revelar trechos da história de Belém
Agência Pará
A embarcação foi encontrada no que é conhecido como antigo córrego das Almas, o que leva os estudiosos a acreditarem que o achado pode estar relacionado com o tráfego de mercadorias e pessoas.
No passado, o local funcionava como um entreposto econômico e portuário e depois foi transformado em um bairro comercial de forma rápida, o que justificaria a embarcação ter sido encontrada no canal.
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Remoção da embarcação para estudos
Quando a embarcação foi identificada no canal da Doca, uma equipe técnica da superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Pará foi acionada para realizar as primeiras análises e orientações sobre isolamento, contenção e paralisação da obra em andamento.
Embarcação arqueológica tem mais de 2 metros de profundidade e 22 m de comprimento
Agência Pará
A proa da embarcação foi localizada na borda do canal. O Iphan informou à Secretaria de Estado de Obras Públicas (Seop) para alinhamento de ações de conservação e resgate arqueológico adequado e estudo posterior do achado, além de futuras ações para disponibilizá-lo para visitações.
O objeto foi retirado em janeiro de 2025, processo esse realizado em etapas para não danificar a embarcação, considerada única, uma vez que ainda não havia notícias sobre achados do gênero, encontrado a partir de escavações arqueológicas em contextos de licenciamento para obras públicas no Centro Histórico de Belém.
Estrutura da embarcação
A embarcação arqueológica tem 22 metros de comprimento, 7 metros de largura e 2,25 metros de profundidade, e foi encontrada em partes divididas entre proa e duas áreas definidas como “mesial”.
Ela ainda tem toda a estrutura composta por ferro, mas há suspeitas de que havia pedaços de madeira e estudos para entender outras características do achado, como se funcionava a vapor ou se tinha operações mais modernas.
Exposição para visitantes
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), por meio da superintendente Cristina Vasconcelos e o arqueólogo Augusto Miranda, afirma que após o resgate da terceira e última parte, a embarcação passará por restauro e conservação para ser colocado em exposição.
“Hoje temos uma estrutura toda de ferro, mas a equipe de arqueologia vai seguir estudando para saber: ela tinha pedaços de madeira? Pode ser um barco a vapor? Essas questões vão contar a nossa história daqui em diante”, afirmou Cristina.
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