Aproximação de Trump com a China pode impactar agronegócio do RS; entenda

O segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos promete medidas inflacionistas que incluem a expulsão de imigrantes e impulso fiscal. Embora, grande parte do discurso do presidente norte-americano tenha se mantido após a campanha, a economista Patrícia Palermo define o cenário como incerto.

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Donald Trump | abc+



Donald Trump

Foto: RS/ Fotos Públicas


“Quando olhamos em um âmbito mais geral do que Trump promete temos medidas inflacionistas que contratam na frente taxas de juros maiores que contratam câmbio mais desvalorizado para nós, este é o primeiro ponto. O que Trump desenha para médio prazo é mais inflação, mais juros e o dólar com mais valor perante outras moedas do mundo. Isso é inquestionável”, diz.

A economista-chefe da Fecomércio-RS lembra que as duras críticas à China se transformaram nesta em um tom amigável, após reunião com o presidente chinês Xi Jinping. “Trump chegou na presidência dizendo que ia ‘botar o pé na porta’, tributar a China. Mas já no primeiro dia de governo veio o anúncio de negociação com a China e o dólar foi a R$ 5,88. Até que ponto negociar com a China é bom? Tudo tem dois lados.”

Segundo Patrícia um dos segmentos que pode ser afetado com esta aproximação dos EUA com o país asiático é o agronegócio, que é quem puxa o PIB do Rio Grande do Sul.

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Produção de soja no Rio Grande do Sul | abc+



Produção de soja no Rio Grande do Sul

Foto: AdobeStock


“O agronegócio é muito importante para nós. Quando os Estados Unidos brigaram com a China no primeiro governo Trump, as exportações de soja brasileiras aumentaram muito. Se nesta tentativa de reduzir o déficit comercial com a China aumentar o fluxo de soja americana para lá (China), é um problema para nós. Por outro lado, se não houver barreiras tão altas que impeçam a entrada de produtos chineses nos EUA isso também não tende ,a por exemplo, alargar nossos mercados aqui com produtos chineses, que deterioram a competição com nossos produtos locais. No passado tivemos um salto comercial gigantesco e o principal responsável pela composição do superávit comercial de quase 31 bilhões de dólares foi a China. A verdade é que o Brasil não teria ‘peito’ para se impor diante da China”, avalia.

Imigração

Uma das medidas que o presidente Donald Trump defende desde sua campanha é o combate aos imigrantes ilegais. Nesta sexta (24), ele anunciou a prisão e deportação de 538 imigrantes que estariam em situação ilegal nos Estados Unidos. Eles foram presos nos últimos quatro dias, desde a posse do republicano na segunda-feira (20) com a promessa de realizar a maior deportação em massa da história americana.

“A medida que ele fez é inconstitucional, é uma medida em efeito. E sobre isso, do ponto de vista econômico, se ele expulsar imigrantes que estão presos, não tem efeito na economia americana. No entanto, quando se deporta imigrantes que trabalham, que empreendem nos Estados Unidos, isso reflete na economia”, afirma Patrícia Palermo.

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Taxas

Sobre possíveis taxações em produtos e serviços de outros países, a economista explica que tudo depende da forma em que as medidas serão aplicadas.

“Se a tarifação for horizontal, ou seja, incluir todos os produtos, têm um efeito. Já se ela for pra alguns, haverá outro efeito. Se impulso fiscal começar agora ou for diluído também muda o efeito. De maneira ampla, um governo nos moldes que se apresentou na campanha, com maior valorização do dólar, traz benefícios para a exportação e o Rio Grande do Sul tem uma característica exportadora. Então, nós deveríamos ser beneficiados com isso. Mas, se os Estados Unidos começarem a erguer barreiras comerciais em relação a nós ou a outros países do mundo, a competição no mercado internacional fica infinitamente mais pesada”, pondera Patrícia.

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