5 programas de PC que marcaram nossas vidas, mas ninguém lembra

Alguns programas de PC marcaram as vidas daqueles que vivenciaram uma época em que nem se usava o termo “software” – e muito menos “aplicativos” ou “apps”. Muitos desses softwares são nostálgicos para a geração Millennial ao mesmo tempo que são pré-históricos para a geração Z.

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Crianças e adolescentes do fim dos anos 1990 e início dos anos 2000 – quando a internet se expandiu e a maioria das casas tinha um PC –, vivenciaram um período marcado por certos programas de PC.

Assim como nos anos 2010, com Instagram, WhatsApp, Spotify e Candy Crush são os pilares da era mobile e (exceto Candy Crush) marcaram a Geração Z, programas (e não apps) de PC fizeram o mesmo no passado.

No entanto, com a revolução mobile, muitos desses programas chegaram ao fim. Alguns até de maneira precoce, enquanto outros morreram recentemente. Mas, definitivamente, todos esses programas tiveram seus momentos de auge, sobretudo os que formaram a comunicação digital e o consumo de mídia.

Para entender como a transformação digital afeta nossas vidas, é preciso entender como ela surgiu. Por isso, o Giz Brasil criou uma lista com cinco programas de PC que marcaram a vida das pessoas – para sempre, mesmo que nem sempre para melhor –, mas que caíram no esquecimento.

5 programas de PC que marcaram época

1. ICQ: Bisavô do WhatsApp também tinha trocadilho, mas noventista

Pioneiro no serviço de mensagens instantâneas, ICQ, uma abreviação para “I Seek You”, ou “Eu procuro por você”, surgiu em 1996. Assim como o WhatsApp, o ICQ revolucionou a comunicação em tempo real durante os primórdios de uma tecnologia.

O ICQ permitiu que as pessoas se conectassem diretamente, sem a necessidade de salas de bate-papo ou e-mail. Além disso, conforme o passar dos anos, o ICQ ganhou suporte a chats de áudio e de vídeo, bem como transferência de arquivos.

Aliás, o ICQ também foi pioneiro em chamadas VoIP, chegando ao pico de sua popularidade em 2001, quando mais 100 milhões de pessoas reconheciam o “oh-ow”.

No entanto, o auge do ICQ foi relativamente curto. Grandes empresas criaram concorrentes que, obviamente, atraíram um maior público e o surgimento posterior das redes sociais enterraram plataforma.

Em 2010, a empresa russa VK, dona da rede social de mesmo nome, comprou o ICQ e passou mais de uma década tentando retomar a glória do passado.

A compra ampliou o que já era um problema para o ICQ: a falta de moderação. Sem moderação, o compartilhamento de conteúdos ilegais, bem como o aumento de spam, manchou a reputação de um dos programas que marcaram época.

Aliás, citando o título desta lista, o ICQ foi um dos programas de PC que marcaram nossas vidas e ninguém se lembra atualmente por motivos positivos. Em contrapartida, muita gente se lembrou do ICQ por um péssimo motivo.

Em agosto de 2023, por exemplo, a Polícia Federal iniciou uma operação para combater a pornografia infantil online no ICQ. No mês seguinte, a justiça brasileira proibiu o ICQ em todo o país.

Leia mais: ICQ: por que o Brasil proibiu o “oh-ow” em todo o país

Alguns meses depois, em junho 2024, como noticiamos aqui no Giz, a VK decidiu dar fim ao ICQ, redirecionando os usuários aos seus outros serviços de mensagens.

Além da falta de moderação, vale ressaltar que o declínio do ICQ reflete uma tendência mais ampla na evolução da comunicação online. Conforme a internet foi amadurecendo, usuários buscavam plataformas com maior integração.

Essa tendência é responsável pela dominância das redes sociais atualmente. Além disso, ela também foi o motivo pelo qual ninguém se lembra do próximo nome da lista dos 5 programas de PC que marcaram nossas vidas.

2. MSN (Windows Live Messenger): a tela tremendo ninguém esquece

15 anos antes de Messi, Suárez e Neymar formarem um dos maiores trios da história do futebol, a sigla MSN representava um símbolo cultural do início dos anos 2000.

Em 1999, para rivalizar com o ICQ, a Microsoft lançou o MSN Messenger, que se tornou um fenômeno global rapidamente. A integração do MSN com o Hotmail facilitou as coisas para o mensageiro, que recebeu uma enorme base de usuários desde o início.

No Brasil, o MSN coincidiu com a “maldita inclusão digital”, termo pejorativo para designar o aumento do número de PCs nas residências brasileiras, refletindo o crescimento econômico do período.

Ao contrário da época do ICQ, brasileiros de classes menos favorecidas tiveram a oportunidade de se conectar digitalmente pela primeira vez.

O MSN, além de chat em tempo real, permitia o envio de arquivos e foi onde as pessoas começaram a se expressar com emoticons (o que hoje são os emojis). O MSN, por ser da Microsoft, também tinha vários plugins, como o do Windows Media Player, que mostrava o que o usuário estava escutando no momento.

Aliás, o plugin do Windows Media Player surgiu em 2004, quando a Microsoft lançou uma enorme atualização para o MSN e também uma propaganda histórica. O MSN pode ser um dos programas de PC que marcaram nossas vidas e ninguém se lembra, mas do “Homem Borboleta” ninguém se esquece.

Veja a histórica propaganda do MSN:

Outro elemento que ninguém esquece é o recurso “chamar atenção”. Se você sentiu sua tela tremendo, saiba que a idade está chegando.

Em 2005, a Microsoft decidiu fazer um rebranding do MSN para popularizar o finado Windows Live. O programa passou a se chamar Windows Live Messenger, mas todo mundo continuou falando MSN.

Em 2008, o Brasil era o país com maior número de usuários do MSN, com 35 milhões de pessoas usando o software. Em vez de “me passa seu ‘zap””, nos anos 2000 era comum ouvir a frase: “você tem MSN?”.

No entanto, quando a Microsoft comprou o Skype, em 2011, a empresa decidiu fundir ambos os softwares.

A transição começou em 2013. O Brasil sendo o último país a migrar do MSN para o Skype, no dia 27 de maio.

3. Winamp: revolucionário até deixar de ser

Assim como os dois anteriores, o Winamp foi um dos programas de PC que marcaram nossas vidas, mas ninguém se lembra devido à revolução mobile.

O icônico reprodutor de músicas definiu a geração dos início da metade dos anos 2000. Lançado em 1997, o Winamp conquistou os cidadãos cibernéticos pelo seu design customizável.

Além disso, o Winamp tinha suporte a diversos formatos de áudio, principalmente o .mp3, protagonista de uma revolução de sua época: a musical. Por isso, o Winamp facilitou a expansão da pirataria, para a tristeza do milionário baterista do Metallica.

Mas, curiosamente, a solução para encerrar a pirataria também foi responsável por matar o Winamp – pelo menos das nossas memórias.

Antes da revolução mobile – que talvez seja a principal responsável pelo fim de vários programas de PC que marcaram as nossas vidas e ninguém se lembra –, a queda do Winamp veio por Steve Jobs.

Em 2003, a Apple lançou o iTunes, visando combater a pirataria que gerou tanta raiva no baterista do Metallica. Posteriormente, a “solução” real para o problema da pirataria – e a solução final do Winamp – surgiu com os serviços de streaming, como Spotify, na revolução mobile.

Após anos de hiato, o Winamp tentou se juntar à revolução quando serviços de streaming já dominavam o mercado – e prejudicavam ainda mais a indústria. O Winamp tentou unir streaming de música aos famigerados NFTs, talvez caindo no papo da “evolução” digital. Afinal, todos nós queremos mudar o mundo.

Mas, ao contrário dos programas de PC que marcaram as vidas de muitas pessoas, o Winamp continua vivo, mas, mesmo assim, ninguém se lembra. E quando o Winamp aparece na mídia, os motivos não são bons e nem tão nostálgicos como o caso do próximo da lista.

4. WinRAR: “morreu, mas passa bem”

O WinRAR é um dos grandes programas de PC que marcaram nossas vidas, mas com algo diferente que ninguém se lembra: o pagamento. Na verdade, todo mundo que usou WinRAR deve se lembrar de nunca ter comprado a licença para usar o software.

O WinRAR foi um dos programas mais populares do Windows durante a era de compartilhamento de arquivos. Além disso, o WinRAR era compatível com os formatos ZIP e RAR — este último mais seguro devido ao seu algoritmo de criptografia.

Outro fator importante para a popularidade do WinRAR foi o clássico – e zoado – “teste antes de pagar”. Por mais de duas décadas, a maioria dos usuários ficou só no “teste” porque o WinRAR não bloqueava o acesso após o prazo estipulado. Assim, o WinRAR se tornou sinônimo de armazenamento de arquivos, pelo menos para uma geração de usuários.

E o ostracismo do WinRAR foi lento e gradual, começando pelo surgimento de alternativas gratuitas, como o 7-zip.

A computação em nuvem e conexões mais rápidas tornaram desnecessário o uso de uma ferramenta para comprimir arquivos. Mesmo assim, muitos usuários continuavam fiéis ao software, sobretudo pela interface familiar e a boa reputação.

Como estamos falando de programas de PCs que marcaram nossas vidas, a reputação longeva do WinRAR é um grande fator para listar esse software. Mas bastou apenas uma ação da Microsoft para o WinRAR chegar à outra ponta do título da lista.

Em 2023, a empresa anunciou o suporte nativo para arquivos compactados em diversos formatos, incluindo o RAR. A ação não acabou com o WinRAR, mas ninguém mais se lembra de um dos grandes programas de PC que marcaram nossas vidas.

5. Flash Player: o primeiro rei da multimídia na Internet 

Se você não se lembra do Flash Player, que posteriormente virou Adobe Flash Player, isso não quer dizer que ele não seja um dos programas de PC que marcaram nossas vidas.

Aliás, é possível dizer que o Adobe Flash Player seja o mais marcante desta lista, embora, ironicamente, não era todo mundo que usava. Na verdade, o Flash Player era uma plataforma de multimídia que permitia a criação de conteúdos interativos, animações e vídeos em websites.

Lembra do ClickJogos, Fliperama e afins? Pois bem, agradeça ao Flash Player, que era uma plataforma simples para o desenvolvimento dos jogos dos grandes portais da internet pré-moderna.

Antes de existir o termo como profissão, os “criadores de conteúdo” usavam o Flash Player para desenvolver anúncios, jogos e diversas formas de experiências multimídia na web.

O ápice e a queda do Flash Player acontecem similarmente O software se tornou bastante popular no período em que os sites estavam na transição do modelo de design, lançando as primeiras experiências interativas em suas páginas.

Por ser uma ferramenta prática para a criação de conteúdo multimídia,o Flash Player era onipresente em qualquer site em meados dos anos 2000.

No entanto, atualizações da Adobe tornaram o Flash Player pesado. E, além disso, a empresa nunca conseguiu resolver os problemas de segurança do programa, que era um alvo fácil para hackers e malwares.

Além dos fatores anteriores, o surgimento do padrão de linguagem HTML5, com recursos similares aos do Flash Player, mas sem os problemas de segurança, se tornou uma alternativa viável para os desenvolvedores.

Por isso, em 2017, a Adobe anunciou o fim da vida do Flash Player, encerrando o suporte oficial em dezembro de 2020.

 

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