Práticas Integrativas: saúde completa e humanizada nos hospitais da Rede Ebserh

Neste dia 23 de janeiro, é celebrado o Dia Internacional da Medicina Integrativa, uma data que salienta a importância de abordagens que integram práticas tradicionais e complementares no cuidado à saúde. Em hospitais da Rede Ebserh, essas terapias têm promovido alívio de sintomas, prevenção de doenças e melhoria na qualidade de vida dos pacientes, reforçando o compromisso do SUS com uma assistência mais humanizada e abrangente.

“A Medicina Integrativa representa uma abordagem holística que combina o melhor da medicina convencional com terapias complementares, tratando não apenas os sintomas, mas também as causas subjacentes das doenças”, pontua Vera Silveira, anestesiologista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS). Segundo ela, essa prática considera o paciente como um todo, abrangendo aspectos físicos, emocionais, sociais e espirituais.

Vera enfatiza que a acupuntura é uma das terapias mais difundidas e estudadas, apresentando resultados significativos em várias condições de saúde. “A acupuntura estimula a produção de neurotransmissores, endorfinas e outras substâncias que modulam a dor, inflamação e resposta imune. Ela é amplamente utilizada no tratamento de dores crônicas, como dor nas costas, dor de cabeça e dor neuropática, além de auxiliar em casos de ansiedade, depressão, insônia e náuseas”, acrescenta. Ela também menciona que a acupuntura tem se mostrado eficaz na redução dos efeitos colaterais de tratamentos como a quimioterapia, aliviando náuseas e vômitos.

Vera ainda salienta que estudos recentes apontam para o uso da acupuntura como uma ferramenta importante na gestão de dores relacionadas a doenças crônicas, como câncer e diabetes. “Em algumas condições, como no manejo de dor associada ao câncer, a acupuntura pode complementar significativamente os tratamentos convencionais, promovendo alívio e melhora da qualidade de vida”, pontua. Ela também enfatiza o papel dessa prática na promoção do bem-estar geral: “A integração entre corpo e mente é essencial para um tratamento mais eficaz e humanizado”.

Luiz Carlos Grelle, médico homeopata do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), salienta que a homeopatia, uma especialidade médica com mais de 200 anos de história, busca tratar as causas das doenças com foco na individualidade do paciente. Segundo ele, “a terapêutica homeopática é curativa e atua estimulando o organismo a encontrar seu ponto de equilíbrio e restabelecer o estado de saúde”. Para isso, os medicamentos homeopáticos promovem a autorregulação de órgãos e funções, ajudando o corpo a combater agressões externas, como toxinas e microrganismos, além de minimizar os efeitos do sofrimento humano.

Ele pontua que o raciocínio clínico do médico homeopata é embasado no conhecimento médico e nos mesmos critérios de análise diagnóstica de outras especialidades, mas sua proposta terapêutica é diferenciada por usar os medicamentos homeopáticos.

Preconceito e desafios no cuidado integral

Apesar de avanços e evidências científicas, a Medicina Integrativa ainda enfrenta preconceitos e desafios estruturais. “A falta de regulamentação clara e uma visão reducionista da saúde dificultam a aceitação dessas práticas. Além disso, a representação caricatural na mídia contribui para o ceticismo”, comenta Vera Silveira. Ela também salienta que a integração dessas terapias no sistema de saúde pode reduzir custos com medicamentos e procedimentos invasivos, além de aumentar a adesão ao tratamento por parte dos pacientes.

Luiz Carlos reforça que muitos dos mitos sobre a homeopatia têm origem na desinformação, tanto da população quanto de parte da classe médica, que não tem acesso ao estudo dessa especialidade durante a graduação. “A Lei dos Semelhantes e o uso de ultra-diluições são pontos frequentemente mal interpretados, mas há experimentos que comprovam que os medicamentos homeopáticos produzem efeitos distintos de substâncias diluídas convencionalmente”, pontua. Ele enfatiza que estudos realizados com animais, plantas e células, onde não há interferência de fatores como o efeito placebo, reforçam a eficácia da homeopatia. Para ele, “a boa informação é essencial para vencer preconceitos e disseminar o conhecimento sobre essas práticas”.

Valdira Gonzaga, enfermeira do Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes-UFBA), reforça a necessidade de avanços estruturais para ampliar o acesso às práticas integrativas. “É essencial planejar o processo de trabalho para garantir uma assistência integral e sistematizada, além de incluir os procedimentos na tabela do SUS, o que viabilizaria investimentos e ampliação dos atendimentos”, pontua. Segundo ela, o reconhecimento oficial dessas práticas no SUS, regulamentada a partir da PORTARIA Nº 971, DE 03 DE MAIO DE 2006, foi um marco importante, mas ainda existem desafiosfoi um marco importante, mas ainda existem desafios para garantir a implementação em larga escala. “Viabilizar estrutura física adequada, insumos necessários e capacitação de profissionais é fundamental para a qualidade da assistência”, acrescenta.

Ela também salienta o impacto positivo dessas práticas na saúde mental e emocional dos pacientes. “Estudos científicos demonstram benefícios das PICS em transtornos como ansiedade e depressão, além de condições crônicas como doenças cardiovasculares e neurológicas”, pontua Valdira. Esses resultados são confirmados tanto por registros em prontuários quanto pelos relatos positivos registrados na ouvidoria do Hupes.

Serviços oferecidos e impacto na qualidade de vida

Nos hospitais da Rede Ebserh, as práticas integrativas têm apresentado resultados transformadores. No Hupes-UFBA, são oferecidos atendimentos como acupuntura, homeopatia, auriculoterapia, reiki, tai chi chuan, reflexoterapia podal e meditação. Em 2023, essas terapias totalizaram 3.312 atendimentos de acupuntura e 4.617 de outras práticas integrativas. Em 2024, foram 1.988 e 4.032 atendimentos, respectivamente.

No HU-UFS, o ambulatório de práticas integrativas realiza cerca de 60 atendimentos mensais, com foco em acupuntura e auriculoterapia. Essas terapias são acessíveis por encaminhamento interno ou de outros serviços, promovendo um cuidado complementar que beneficia pacientes com diferentes condições de saúde.

No HU-UFSC, a homeopatia tem sido destaque, com organização de três Simpósios de Introdução à Homeopatia nos últimos dois anos, atraindo profissionais e estudantes de diversas áreas e estados brasileiros. Os eventos foram sucesso de público, demonstrando o crescente interesse pela disseminação de informações sobre essa prática integrativa.

“Essas práticas podem atuar de forma complementar ao tratamento convencional, promovendo bem-estar e alívio de sintomas”, pontua Vera Silveira, anestesiologista do HU-UFS. A experiência da paciente Eliete dos Santos Silva, do Hupes, reflete os benefícios dessas terapias. “Eu não sentia mais alegria na vida, mas, com o tratamento integrativo, recuperei a vontade de viver. Hoje, sou feliz por fazer parte desse cuidado”, relata. Eliete cita melhoras significativas em sua socialização, bem-estar físico e mental após iniciar as sessões de reiki, frequências de brilho e homeopatia.

Sobre a Ebserh

O HU-UFSC faz parte da Rede Ebserh desde 2016. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

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