Programa antipirataria da Itália falha em aumentar assinaturas de streaming

Em fevereiro de 2024, a Itália implementou o Piracy Shield, programa que visa combater serviços de streamings ilegais. Quase um ano depois, a constatação é a de que a iniciativa tem conseguido coibir a pirataria, mas pouco contribui para aumentar o número de assinantes de serviços de streaming.

Basicamente, o Piracy Shield é um sistema implementado pela Agcom, órgão regulador de telecomunicações da Itália, que bloqueia transmissões piratas pela internet a partir de endereços IPs e domínios.

O programa atua sobre a distribuição ilegal de filmes e séries, mas parece ser focado principalmente na transmissão online de jogos esportivos.

Desde que foi implementado, o Piracy Shield bloqueou milhares de IPs e domínios associados a streamings ilegais. Porém, nesse meio tempo, o programa também acabou bloqueando serviços legítimos.

Um exemplo notável ocorreu em outubro de 2024, quando o Google Drive foi bloqueado na Itália por várias horas por conta de um erro no sistema do Piracy Shield.

Apesar disso, as autoridades italianas consideram o programa um sucesso, tanto que a Agcom vem atuando para ampliá-lo por meio de colaborações com serviços de VPN e DNS, por exemplo.

Foi em um desses contatos para colaboração que veio à tona a descoberta de que, embora o sistema consiga bloquear serviços piratas (a despeito de eventuais bloqueios de serviços legítimos), isso não resultou em aumento significativo do número de assinantes pagantes de plataformas legítimas de streaming.

Assinaturas pouco ou nada aumentaram após Piracy Shield

Quem percebeu que o número de assinaturas pagas no streaming italiano não aumentou foi Brian Turnbow, CEO da CDLAN, empresa especializada em soluções para nuvens e datacenters. O executivo participou de uma reunião com a Agcom a respeito do Piracy Shield e, então, se debruçou sobre os números entregues a ele.

Analisando os gráficos da DAZN, que detém os direitos de transmissão da série A do campeonato italiano de futebol (Lega Serie A), Turnbow reparou que o número de assinantes do serviço não aumentou em 2024 em relação a 2023. Na verdade, esse número é até menor que a base de assinantes da DAZN em 2022, quando o Piracy Shield ainda não existia.

Provocativo, Turnbow disse que o único aumento que ele encontrou foi o do preço da assinatura da DAZN, que teria passado de € 40,99 para € 44,99 na Itália.

Com relação a outros serviços de streaming, gráficos da Agcom compartilhados por Turnbow mostram que a Netflix ficou em situação pior, com queda de 800 mil assinantes em 2024.

Amazon, Disney+ e Now (Sky) tiveram aumento na base de assinantes em 2024, mas que parecem ser pouco expressivos: de 500 mil, 100 mil e 300 mil assinaturas, respectivamente.

É verdade que Turnbow fez uma análise superficial sobre o assunto. Ela não considera que, no caso da DAZN, talvez o número de assinantes teria caído se não fosse o programa, por exemplo. Além disso, ele não faz análises sobre os demais serviços de streaming.

De todo modo, a constatação de Turnbow se soma às críticas ao Piracy Shield, que apontam que o programa exagera nos bloqueios, é pouco transparente e não trata das causas primarias da pirataria.

Turnbow finaliza a sua postagem com outra provocação:

Então, após 12 meses, os dados mostram que os provedores tiveram custos para implementar o serviço [bloqueio], mas não houve ganho de usuários ou horas [de consumo] para a DAZN, e os preços aumentaram para os usuários finais.

Brian Turnbow, CEO da CDLAN

Com informações de TorrentFreak e Techdirt

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