Bandidos usam aparelhos especiais para golpe do SMS no Brasil

Celular com chamada indicando golpe
Golpistas simulavam rede móvel para enviar SMS para celulares próximos (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A Polícia Militar de São Paulo prendeu um homem que aplicava o golpe do SMS de um jeito peculiar. Em vez de enviar links para números aleatórios, ele dirigia um carro com equipamentos especiais para disparar as mensagens para celulares próximos.

De acordo com a reportagem do G1, o motorista do “carro do golpe” foi preso e confessou para a polícia que recebia R$ 1 mil por semana apenas para dirigir um Jeep Renegade alugado. O veículo continha aparelhos de telecomunicações, incluindo um notebook, baterias e uma antena semelhante às utilizadas por operadoras como Claro, TIM e Vivo.

Para conseguir disparar as mensagens, o motorista precisava se aproximar de outros veículos a uma distância de cerca de cinco metros. O trajeto ocorria em vias congestionadas da cidade de São Paulo, incluindo os bairros Jardins, Itaim Bibi, Pinheiros e Tatuapé.

O motorista em questão era “funcionário” de uma quadrilha e foi indiciado por associação criminosa, invasão de dispositivo informático, uso clandestino de sistema e telecomunicação, e corrupção de menores de 18 anos. Ele também deve responder por dirigir o veículo sem habilitação.

De acordo com a polícia, ao menos 100 pessoas foram lesadas no período de um mês. Os demais membros da quadrilha ainda não foram localizados.

Carro do golpe usa rede de celular clandestina para envio de SMS

As mensagens SMSs enviadas pelos equipamentos do veículo não são muito diferentes do que golpistas costumam mandar da maneira “tradicional”. Elas informavam sobre um suposto cartão de crédito cujos pontos estavam expirando, e indicavam um link para efetuar a troca antes da data de validade.

Mão segurando um celular que exibe uma SMS de golpe que se passa por um banco
Desconfie de SMSs informando sobre vencimento de pontos do cartão de crédito (Imagem: Lucas Braga/Tecnoblog)

Ao abrir o link, as vítimas eram convencidas a colocar dados bancários, como agência, número da conta e senhas. O site tinha interface similar à de um grande banco, de modo a confundir as pessoas. Este tipo de fraude é conhecido como phishing.

No caso do “carro do golpe”, a tática era um pouco diferente: os bandidos se aproveitam da baixa distância física para bloquear o sinal de celular das operadoras e criar uma rede móvel clandestina. Dessa forma, o SMS não passa pela Claro, TIM ou Vivo.

Essa prática é conhecida como stingray, e a interceptação dos smartphones próximos é possível graças a vulnerabilidades de segurança presentes nas redes 2G (GSM), que não exigem autenticação entre a torre da operadora e celular. Isso afeta até mesmo os aparelhos com suporte às tecnologias mais recentes, como 3G, 4G ou 5G. Para melhorar a segurança, o Android 12 ganhou uma função que impede que os telefones se conectem às redes 2G.

Ainda que esteja em desuso, a internet móvel de segunda geração continua ativa no país. A Anatel discute as regras para o desligamento, embora empresas de Internet das Coisas defendam que o padrão deve ser mantido devido ao alto número de dispositivos que dependem da tecnologia.

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