Doença oculta no cérebro pode afetar a vida de idosos, aponta estudo

O estudo analisou cérebros de 295 indivíduos com mais de 85 anos que já haviam falecido – SergeyNivens/Depositphotos

Uma pesquisa revolucionária realizada por cientistas finlandeses revelou uma realidade preocupante: uma condição cerebral silenciosa pode estar afetando os idosos em escala muito maior do que se pensava.

Batizada de encefalopatia TDP-43 relacionada à idade, ou simplesmente LATE, essa doença foi detectada em quase dois terços dos participantes de um estudo focado em cérebros de pessoas acima de 85 anos.

O que torna a LATE tão significativa?

Identificada pela primeira vez apenas em 2019, a LATE ganhou destaque na comunidade científica por seu impacto devastador na memória e no raciocínio.

Ela é marcada pelo acúmulo anormal da proteína TDP-43 em regiões cerebrais cruciais, como se fosse uma sabotagem interna que leva à morte de células e ao declínio cognitivo. Curiosamente, o efeito é semelhante ao das placas e emaranhados associados ao Alzheimer, mas segue sua própria rota destrutiva.

Os resultados desse estudo, publicados no periódico Brain, destacam a LATE como uma possível rival do Alzheimer no ranking das principais causas de demência em idosos.

Explorando o cérebro envelhecido

O estudo analisou cérebros de 295 indivíduos com mais de 85 anos que já haviam falecido. O que a equipe encontrou foi surpreendente: evidências de LATE estavam presentes em impressionantes 64,1% dos casos. E o impacto vai além das estatísticas. Mesmo isoladamente, a LATE se mostrou fortemente associada à demência, agindo de forma independente de outras condições, como o Alzheimer.

Para imaginar o impacto, pense em uma cidade onde quase dois a cada três moradores idosos carregam uma bomba-relógio proteica em seus cérebros, silenciosa, mas potencialmente devastadora.

Quando doenças se somam

O estudo revelou algo ainda mais alarmante: muitos participantes exibiam sinais de LATE e Alzheimer simultaneamente. Nesses casos, o declínio cognitivo era mais severo, como se as duas doenças formassem uma aliança sombria para acelerar a destruição cerebral.

Outro dado intrigante foi a forte ligação entre LATE e uma condição conhecida como esclerose hipocampal. O hipocampo, responsável pela memória, encolhe e desenvolve cicatrizes nessa condição. Quase todos os casos de esclerose hipocampal observados no estudo também estavam associados à LATE, sugerindo uma relação íntima entre elas.

Genética e novas pistas

Apesar de algumas pesquisas anteriores sugerirem fatores de risco, como hipertensão e diabetes, este estudo não encontrou conexões consistentes entre essas condições e a LATE. Contudo, a investigação trouxe à tona duas variantes genéticas que parecem aumentar o risco da doença, abrindo novas fronteiras para estudos futuros e, quem sabe, potenciais intervenções.

Este trabalho finlandês lança luz sobre uma ameaça cerebral até então subestimada, oferecendo pistas valiosas para desvendar os mistérios da demência e ampliar nossas estratégias de combate ao declínio cognitivo.

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