MPF pede investigação e afastamento dos agentes envolvidos na ação que baleou jovem em rodovia federal


Juliana Rangel, de 26 anos, segue internada em estado considerado gravíssimo. MPF determina investigação sobre caso de jovem baleada por engano por agentes da PRF
O Ministério Público Federal (MPF) abriu uma investigação sobre o caso de Juliana Rangel, de 26 anos, baleada na noite de 24 de dezembro quando deixava a Baixada Fluminense e seguia para a ceia de Natal em Niterói, na Região Metropolitana do RJ.
O MPF pediu que os policiais sejam identificados e afastados das suas funções.
Vitor Almada, superintendente da PRF no RJ, disse que, em depoimento, os policiais alegaram que ouviram disparos quando se aproximaram do carro, deduziram que vinha dele, mas depois descobriram que tinham cometido um grave equívoco.
Em nota, a PRF disse que a Corregedoria investiga o caso, e os agentes foram afastados de todas as atividades (veja a nota completa ao fim desta reportagem).
Juliana Rangel foi atingida por um disparo na cabeça. Ela permanece internada, em estado gravíssimo, no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Um dos médicos que atendeu Juliana, Thiago Rezende, contou que a bala não ficou alojada na cabeça dela porque o projétil passou de raspão.
“O projétil acertou na parte óssea e transfixou. Não atingiu nenhuma parte do cérebro. E a cirurgia foi feita justamente para isso: para tirar fragmentos ósseos e também para estancar qualquer tipo de sangramento e fazer a lavagem ali do local”.
Os parentes de Juliana Rangel passaram esta quinta-feira (26) na porta do hospital onde ela está internada na Baixada Fluminense.
“A minha mãe me ligou dizendo que estava a caminho e ela falou: ‘Jéssica, a Juliana tomou um tiro, mataram ela. Eu não acreditei. Ela chegou viva no hospital e isso já foi um alívio para mim”.
Carro de família foi alvejado por agentes da PRF no Rio; jovem foi atingida na cabeça
GloboNews/Reprodução
Juliana Rangel é a terceira vítima de erros na abordagem por policiais rodoviários federais em vias do Rio de Janeiro. As outras foram Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos, e baleada próximo à Linha Vermelha, em junho de 2023.
Já Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, foi morta em setembro de 2023, em Duque de Caxias.
O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Oliveira, disse que a corporação mudou as orientações de abordagem.
“Não acredito que estamos fracassando. Os nossos números mostram e o sucesso da implementação desses novos posicionamentos da revisão da doutrina de ensino, da matriz de ensino, da gente. Nós temos dados, números que mostram isso. Lógico que jamais a gente vai aceitar como um caso isolado. Nós entendemos que eventos como esse não devem acontecer”
O antropólogo Robson Rodrigues da Silva, coronel aposentado da Polícia Militar do RJ, disse que é preciso rever os protocolos de abordagem das polícias.
“A primeira coisa a ser feita pela autoridade é ter vontade para fazer. Não adianta falar da boca para fora e depois continuar com as mesmas coisas porque os resultados serão os mesmos”
Robson Rodrigues ressalta que para que as mudanças aconteçam é preciso mudar o comportamento em todos os escalões.
“Se quer mudar, é mudar a mentalidade, comportamento, e aí tem que ser feito um diagnóstico muito preciso, detalhado, para identificar em cada caso quais são os fatores que têm sido mais recorrentes e que tem possibilitado que isso aconteça.
O projétil acertou na parte óssea e transfixou a parte óssea, não transfixou nenhuma parte do cérebro. E a cirurgia foi feita justamente para isso, foi feita para tirar fragmentos ósseos e também para estancar qualquer tipo de sangramento e fazer a lavagem ali do local.
Nota da PRF
“Na manhã desta quarta-feira (25), a Corregedoria-Geral da Polícia Rodoviária Federal, em Brasília/DF, determinou abertura de procedimento interno para apuração dos fatos relacionados à ocorrência da noite de ontem, na BR-040, em Duque de Caxias/RJ. Os agentes envolvidos foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais.
A PRF lamenta profundamente o episódio. Por determinação da Direção-Geral, a Coordenação-Geral de Direitos Humanos acompanha a situação e presta assistência à família da jovem Juliana.
Juliana Leite Rangel, de 26 anos, foi baleada na BR-040
Reprodução/TV Globo
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