GRAMADO: A cidade conhecida como Jardim das Hortênsias completa 70 anos; relembre fatos históricos

Em 1953, uma consulta popular foi aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado. O assunto: as tratativas para Gramado se emancipar de Taquara. Dos 873 votos, 854 optaram a favor. Um ano após, em dezembro de 1954, a separação do 5º Distrito foi aprovada e promulgada, pelo então governador Ernesto Dornelles.

Gramado era uma vila e pertencia ao distrito de Taquara



Gramado era uma vila e pertencia ao distrito de Taquara

Foto: Divulgação

Foram necessários dois atos pró-emancipação até que Gramado se tornasse, de fato, um município do Rio Grande do Sul. Há 70 anos, tinha 12 mil moradores. Como justificativa para tornar-se independente, estava: “o parque industrial e comercial”. A segunda caminhada tinha na comissão Walter Bertoluci, que veio a ser o primeiro prefeito da história, além de Hugo Daros e Euzébio Balzaretti.

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Em números

Sete décadas atrás, Gramado tinha 19 armazéns de secos e molhados, oito bares, oito barbearias, oito açougues, quatro fábricas de calçados, quatro fábricas de móveis, 14 moinhos, três serrarias, além de 25 escolas municipais elementares e três agências bancárias.

No interior, eram apenas três agroindústrias que trabalhavam com doces, quatro com queijos, um com vinho, um com salame, além dos moinhos. Na produção agrícola, destacavam-se a uva, a batata-inglesa, o milho, além da erva-mate e do figo.

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“Gramado era uma vila, tinha as casinhas de madeira, o trem, algumas indústrias. Com a segunda guerra mundial, a cidade ficou estagnada, os hotéis não conseguiam comprar canos, refrigeradores, por exemplo. Com a emancipação, o turismo, cresceu e cresceu, as fábricas saíram”, conta a historiadora Iraci Casagrande, primeira Rainha das Hortênsias.

Passados 70 anos, os dados de Gramado impressionam: são pouco mais de 40 mil residentes, que, com o turismo, anualmente ultrapassam a marca de 8 milhões de pessoas de todo o País e mundo que circulam. Na zona rural, mais de 100 produtores e agroindústrias fomentam e vendem, agora, seus produtos à nível nacional.

Sol entre nuvens no Centro de Gramado



Sol entre nuvens no Centro de Gramado

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

Cerca de 86% do Produto Interno Bruto (PIB) da cidade é do turismo. São gerados e movimentados mais de R$ 1,6 bilhão apenas no segmento. Entre hotéis e pousadas, as quase 300 geram mais de 20 mil leitos. Sem falar nas indústrias de chocolate, que geram mais de 2,5 mil empregos diretos.

A primeira Rainha das Hortênsias

No atual Parque Knorr, residia o senhor Oscar Knorr. Além da bela vista para o Vale do Quilombo, o local ficou reconhecido pelas inúmeras hortênsias plantadas. O local, não a toa, recebeu a primeira Festa das Hortênsias – evento que veio mostrar Gramado para o Estado e Brasil e iniciou um caminho sem precedentes para o turismo nacional. Foi a partir deste momento, que o município começou a se tornar desejado e requisitado. Os veranistas, como eram chamados, voltaram à Serra.

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Iraci Casagrande



Iraci Casagrande

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

A primeira rainha da festa, em 1958, foi Iraci, que disputou com outras cinco meninas. Hoje, aos 92 anos, relembra de cada detalhe da noite que foi coroada.

“Foi um auê quando disseram meu nome. A vitória foi linda, vieram pessoas de Porto Alegre, Caxias do Sul, para torcer por mim. E foi a primeira atração turística, trazia políticos, imprensa toda, emissoras. Os jornais só falavam de Gramado”, diz.

“Pequena maior cidade do Brasil”

O professor e cronista Romeo Ernesto Riegel considera que Gramado “nunca foi tão brilhante e importante. É a pequena maior cidade do Brasil”.

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Para o estudioso, a cidade teve seu primeiro apogeu na vinda de pessoas com tuberculose, entre 1925 e 1945. A Serra era indicada devido ao ar puro. “Foi um fato determinante, onde nasceu o conceito de Gramado, do bem receber”, coloca.

Gramado quando era uma vila e pertencia ao distrito de Taquara



Gramado quando era uma vila e pertencia ao distrito de Taquara

Foto: Divulgação

Ao fim da década de 1940, a cidade teve um declínio, era vista como “nada vai para frente”. Foi com a emancipação que “o orgulho do gramadense foi desenterrado e a cidade renasceu”, relembra o membro da Academia Gramadense de Letras e Artes (Agla).

Gramado teve dez prefeitos

• Walter Bertoluci/Leopoldo Rosenfeldt Filho – 1955 a 1959

• Arno Michaelsen/ Remy Zatti – 1960 a 1963

• José Francisco Perini/Almeris Peccin – 1964 a 1969

• Walter Bertoluci/Alberto Casagrande – 31/1/1969 a 6/6/1969

• Horst Volk – 7/6/1969 a 31/1/1973

• Waldemar Frederico Weber/Jaime Schaumllöffel – 1973 a 1977

• Nelson Dinnebier/Mário Tissot – 1977 a 1982

• Pedro Henrique Bertolucci/Enoir Zorzanello – 1983 a 1988

• Nelson Dinnebier/João Alfredo Bertolucci – 1989 a 1992

• Pedro Bertolucci/Clarindo Tisott – 1993 a 1996

• Nelson Dinnebier/ Jorge Luiz Bertoluci – 1997 a 2000 (mandato foi encerrado por Jorge, devido ao falecimento de Nelson)

• Pedro Bertolucci/Nestor Tissot – 2001 a 2008

• Nestor Tissot/Luia Barbacovi – 2009 a 2016

• João Alfredo Bertolucci/Evandro Moschem – 2017 a 2020

• Nestor Tissot/Luia Barbacovi – 2021 a 2024. A dupla seguirá na gestão a partir de 2025.

“Moldada por povo de fibra”

“O aniversário é de Gramado, mas quero falar sobre os gramadenses. Nossa cidade foi moldada por um povo de fibra, que possui um DNA empreendedor, ao mesmo tempo que tem uma capacidade enorme de inovação e transformação. Uma comunidade batalhadora, apaixonada por Gramado, que cuida de cada detalhe como se fosse sua própria casa. Parabéns Gramado, parabéns gramadenses e muito obrigado pela oportunidade de conduzir por quatro mandatos como prefeito. Vida longa, Gramado!” – Nestor Tissot, prefeito de Gramado.

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Sete décadas e muita história a ser contada

1954 – Emancipação de Gramado

1962 – Fecha o Cine Splendid, ponto de encontro por décadas dos gramadenses

1963 – Fábrica de calçados Princesinha se transforma em Ortopé, que tornou Gramado referência no polo calçadista. Em 1995, eram 45 mil calçados produzidos por dia com mais 3 mil funcionários

1967 – Inaugura o Cine Embaixador, conhecido como Palácio dos Festivais

1969 – Era das malharias inicia, com Annelies Rosenfeldt Bertoluci e as malhas Annerose

Década de 1970 – Plano Diretor limita altura das construções; é inaugurado o primeiro café colonial do Brasil

1972 – Nasce a Fearte, evento de artesanato que chamou atenção por 20 anos no Brasil

1973 – Ocorre a primeira edição do Festival de Cinema de Gramado

1975 – Inspirado em uma produção artesanal de Bariloche, é aberta a primeira fábrica de chocolates artesanais do País, por Jayme Prawer

1978 – Surge o Jornal de Gramado

1986 – Inspirado nas festas natalinas da Alemanha, nasce o Natal Luz

1989 – A Feira de Turismo – Festuris, é criada por Silvia Zorzanello (in memoriam) e Marta Rossi

1992 – Duplicada a estrada Gramado/Canela

1994 – Primeira edição da Chocofest

2015 – A música erudita ganha palco com o In Concert

2020 – Gramado se torna Capital Nacional do Chocolate Artesanal

2022 – Criação do seu evento mais recente: Vindima

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