Zoo de Gramado investe em técnicas de reprodução para incentivar nascimentos

A primavera se despede nas próximas semanas. Com a chegada das temperaturas mais altas, o zoológico de Gramado também tem uma temporada que se inicia: a dos nascimentos.

Ao menos quatro espécies estão com filhotes recém chegados no Gramadozoo. E a tendência é que esse número aumente consideravelmente.



Isso porque o empreendimento, além de ter os partos naturais, conta com a incubação artificial. Ovos de aves e répteis são retirados dos recintos e ficam no aparelho, que, climatizado e com a umidade regulada, serve como chocadeira.

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Entre os nascimentos, estão de guará-rubra – primeira ave que nasceu por incubação artificial no estabelecimento – e ema, que pelo segundo ano reproduziu-se dessa forma. Ainda um gato-do-mato rejeitado pela mãe e uma jaguatirica são cuidados pela equipe.

“Cada ovo tem seu tempo e suas necessidades. Os que estão na incubadora têm quesitos parecidos. A ema, por exemplo, precisa de uma temperatura de incubação em torno de 37°C. E o guará, o mínimo seria 37,2°C, então fazemos esse controle”, explica o veterinário Jorge Lima, responsável técnico do Gramadozoo e especialista em Reprodução.

O início

As técnicas de incubação artificial iniciaram em 2023. Os primeiros filhotes a nascer pelo processo foram emas e, depois, araras. “Temos no zoo quatro emas machos e uma fêmea. Acaba que há disputa dos machos e o ninho da ema é muito disputado, e às vezes nisso pode ocorrer a quebra do ovo. E é uma espécie que temos interesse em ter em maior quantidade por aqui”, comenta Lima.

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Tigres d'água completaram um ano neste mês



Tigres d’água completaram um ano neste mês

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

Realização de ovoscopia e os cuidados necessários

Diversas medidas são tomadas pelas equipes do zoo desde a colocação do ovo. Na incubação, por exemplo, se evita ligar a luz. “A iluminação causa estresse ao embrião. E isso repercute na qualidade da casca, a partir da formação de linhas de estresse. Conseguimos ver através da ovoscopia. E comumente, na natureza, a fêmea sobe no ninho e protege o ovo, deixando escuro”, coloca Jorge.

A ovoscopia é como um exame de imagem de ultrassom, porém, que é feito com o uso de uma lanterna. A medida permite verificar o crescimento dos animais e até mesmo a formação do coração. “Vamos ter ovos com casca grossa, com mais dificuldades, ou com casca escura, e tudo isso interfere. O objetivo é verificar fraturas, por exemplo, que precisam ser corrigidas para não ocorrer uma explosão”, justifica o especialista.

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Cada ovo possui marcações, recebendo um número, onde é feito um controle individual, desde o início da incubação. Os cuidados são feitos semanalmente, justamente para não atrapalhar o desenvolvimento das espécies.



Um que está para nascer nos próximos dias é o de ema, que está desde 18 de outubro na chocadeira. “Os ovos podem levar até 24, 48 horas, do primeiro furo, rompimento da câmara de ar. A gente sempre imagina que é rápido”, explica o veterinário.

Já o mais recente que foi colocado na incubadora é o de mutum, que ainda deve levar até o fim do ano até eclodir. “Ainda não dá nem para fazer a ovoscopia.” No total, oito ovos estão sendo “chocados” no equipamento artificial.

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Reprodução de espécies ameaçadas

Um dos motivos em trabalhar com a incubação artificial é conseguir fazer a reprodução de espécies. “Tem muitas aves que temos interesse em trabalhar, como o Papagaio Charão, ave símbolo de Gramado e ameaçada de extinção. Tem tudo a ver com nosso trabalho, que visa a proteção e o bem-estar dos animais”, diz Jorge. Recentemente, o Gramadozoo recebeu nove aves da espécie e a ideia já é começar a desenvolver através da chocadeira.

Araras-vermelhas e cardeal-amarelo também estão na listagem de aves para reprodução. “O objetivo é a gente reproduzir, montar um banco genético e após trabalhar com solturas, ou até mesmo destinar para outros empreendimentos que também queiram trabalhar com a reprodução”, complementa.

Hoje o Gramadozoo possui uma limitação, conforme a estrutura humana e física. “Precisamos ter condições de manter os animais, fazer os cuidados de peso, crescimento, alimentação”, afirma.

Ave guará-rubra recebe a carne com a pinça, como se fosse a boca da mãe



Ave guará-rubra recebe a carne com a pinça, como se fosse a boca da mãe

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

Isso se deve, principalmente, ao tempo que cada espécie fica sob os cuidados diferenciados, fora do habitat. “A ema é precocial, se alimenta sozinho, mas existe todo um passo para que se alimente sozinho. Depois, ele cresce e continuamos cuidando, porque o animal jovem, se colocar com o adulto, como não foi ele quem cuidou, existe um risco. Pode levar um ano até fazer a adaptação”, conta.

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