BR-163 é liberada 10 dias após barragem de condomínio de luxo romper e destruir via em MS


Trecho da rodovia entre Campo Grande e Jaraguari (MS) ficou em sistema ‘pare e siga’ até a liberação total. Moradores afetados ainda limpam lamaçal deixado pelos dejetos da barragem estourada. Trecho da BR-163 destruído por rompimento de barragem é liberado 10 dias após desastre
Após 10 dias interditado, trecho da BR-163 entre Jaraguari e Campo Grande (MS) foi liberado durante a noite dessa sexta-feira (30). A rodovia ficou destruída após uma barragem de um condomínio de luxo romper e destruir a passagem de veículos. Veja no vídeo acima o momento da liberação total da via.
A liberação era esperada apenas para daqui cinco dias, segundo a CCR MSVia, concessionária responsável pela BR-163 em Mato Grosso do Sul. O retorno do fluxo normal só foi autorizado após pareceres técnicos e a finalização da pavimentação do trecho que foi destruído.
Desde o dia 20, equipes atuaram 24h por dia no local para reestabelecer o fluxo. A força-tarefa mobilizou mais de100 colaboradores em, diversas intervenções.
Treco da BR-163 foi liberado, entre Jaraguari e Campo Grande.
CCR-MS Vias/Reprodução
De acordo com o gerente de operações da CCR MSVia, Arrison Szesz, a atuação conjunta dpossibilitou que as obras evoluíssem mais rapidamente. “Apesar dos desafios enfrentados no início das intervenções, conseguimos colocar em prática nosso planejamento logístico, permitindo que as entregas dos materiais da obra fossem feitas com mais agilidade do que o previsto”, explica.
Foram mais de 50 equipamentos essenciais para a obra emergencial, incluindo escavadeiras, caminhões, rolos compactadores e tratores de esteira. Para a recomposição da pista, foram utilizadas cerca de 16 mil toneladas de pedras e 400 toneladas de asfalto.
As obras de recuperação não foram totalmente finalizadas. A colocação de defensas metálicas e a instalação de novo sistema de drenagem estão previstas para os próximos 45 dias, segundo nota divulgada pela concessionário.
Moradores seguem retirando lama de casa
Quase 10 dias depois, moradores ainda limpam lama do rompimento da barragem
Após o rompimento da barragem no condomínio de luxo Nasa Park, onde onze casas foram atingidas nas margens da BR-163, moradores da zona rural ainda limpam as residências dos destroços e da lama. Veja o vídeo acima.
Um dos moradores, Orlando Garcia, que é produtor rural, relata que há muita sujeira e barro no local, e que o processo de recuperação está sendo lento.
Luzia Ramos do Prado, Gabrieli do Prado Lopes e o restante da família afirmam que perderam tudo. Atualmente, estão morando em um hotel da região.
“Era a minha casa, era a minha sala, minha varanda…nem telha tem mais, pela altura da água, só tristeza. Tem hora que eu falo com a minha mãe e ela fica triste porque perdemos tudo. Mas é como a gente fala, não temos mais nem lágrimas, porque uma coisa tão triste assim, você olhar a destruição, por algo que podia ter sido evitado. Não foi falta de aviso, não foi falta de denúncia”, lamenta Gabriele do Prado.
Além dos danos materiais, as memórias também foram levadas pela enxurrada, como o quadro pintado pela neta de Luzia Ramos, que estava em outra casa, foi parar em uma residência ao lado e foi destruído pelo barro.
“Passa e a gente fica lembrando que tinha coisas, você olha lá fora e vê só lixo para todo lado, e essa parte de lá que era só reserva, hoje não tem nada. A gente fica desiludido, é uma tristeza que a gente nem consegue explicar”, finaliza Gabriele do Prado.
Laudo do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) sobre o rompimento aponta que 690 mil m³ vazaram de forma abrupta da barragem. Conforme a Defesa Civil de Jaraguari, das onze casas atingidas, uma foi totalmente destruída. Além disso, duas pontes de madeira foram arrastadas pela lama e água. Também, vários animais domésticos e de criações foram arrastados pelo lamaçal.
Rompimento e multa milionária
Trecho da BR-163 desaba após rompimento de barragem.
Reprodução
A barragem da represa do condomínio de luxo Nasa Park, entre Campo Grande e Jaraguari, em Mato Grosso do Sul, rompeu no dia 20 de agosto, por volta das 9h30 (horário local). A represa tinha mais de 20 hectares de lâmina – área de abrangência da água – e fica no meio de aproximadamente 100 casas de luxo.
Além das casas afetadas pelo rompimento, a BR-163 precisou ser interditada, devido aos danos.
De acordo com o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), o condomínio estava sendo notificado há cinco anos por não possuir Plano de Segurança da Barragem e nem Plano de Ação de Emergência.
Durante a última vistoria no condomínio, realizada em 2023, foi identificada a necessidade de manutenções preventivas cruciais para a segurança da barragem, como a limpeza da vegetação e a desobstrução do sistema de drenagem.
O proprietário do Nasa Park, foi multado em mais de R$ 2 milhões no dia 23 de agosto, durante uma audiência pública no MP. Além da multa, o dono terá de regularizar todos os barramentos e apresentar um laudo técnico sobre as causas do rompimento e implementar um Programa de Recuperação das Áreas Degradadas.
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