Esse é um monitor bom? Explicamos as principais especificações!

Escolher um monitor gamer gira muito em cima de especificações. Você está de olho em uma tela com muitos hertz, com poucos milissegundos, tudo para melhorar seu gameplay e ganhar mais partidas. Mas como saber se ele é um monitor bom?

Você sabe que esses números importam, afinal estão lá no título dos anúncios dos produtos, nos sites de compras, e também tem destaque garantido na caixa dos produtos.

Mas você sabe mesmo pra que esse bando de número serve? O quanto melhorar essas especificações vai mudar sua experiência com os games? Hoje vamos explicar o que essas várias siglas e números são, pra que servem e porque sempre estão em destaque nas caixas dos monitores!

Tipo de display

Uma dessas características a gente já tem um vídeo dedicado só pra ela: a tecnologia do display. Então se quer entender o que impacta a tela ser OLED, VA, TN e IPS, detalhamos todas as diferenças, vantagens e desvantagens de cada uma por lá.

Vão lá ver porque tem até uns gráficos maneiros que a gente aprendeu a usar o Blender só pra conseguir fazer esse vídeo.

Hertz (Hz), ou taxa de atualização

Mas além das tecnologias dos displays tem alguns números que sempre se destacam. E vamos começar por um que costuma ser o primeiro: a taxa de atualização, ou como costuma ser usado na publicidade, quantos hertz a tela tem.
Taxa de atualização é a frequência que o monitor é capaz de exibir uma nova imagem. Hertz é justamente uma unidade de medida de frequência: ela diz quantas vezes em um segundo algo acontece.

Assim uma tela de 120Hz quer dizer que ela gera 120 novas imagens a cada segundo. Quanto mais hertz, mais imagens você tem por segundo. Vamos ver esse processo no vídeo abaixo:

Perceba que nas taxas de quadro mais baixas, olhar o game é desconfortável. Até dá pra entender que há coisas se movendo, mas nosso cérebro não vai conseguir formar essa imagem com clareza.

A nossa mente consegue formar a ilusão de movimento com imagens rodando a ao menos 24 quadros por segundo. Isso fica evidente no comparativo quando 15FPS são comparados com 30FPS, e como há muito mais nitidez na movimentação do gameplay quando temos 30 quadros exibidos por segundo.

E subindo para 60 quadros a cada segundo, novamente o movimento ganha mais nitidez. Quanto mais quadros de informação, o nosso cérebro é capaz de ter uma percepção mais clara dos movimentos, e interpretá-los com mais precisão.

E precisão é a palavra-chave aqui, afinal em games competitivos, quanto mais precisa for sua reação, melhor. Então uma tela com taxa mais elevada de atualização vai te ajudar a entender os deslocamentos na tela de forma mais clara, e viabilizar uma interpretação mais precisa do que fazer. Aí falta só o seu talento acompanhar e você caprichar na execução.

Tempo de resposta em um monitor bom

Ok, hora do outro número que sempre aparece, o tal do tempo de resposta. Ele é medido em milissegundos, e indica a velocidade que o monitor consegue trocar a cor de um pixel para outra cor.

Aqui chegamos ao ponto mais polêmico nessa discussão sobre telas. Isso porque isso aqui é uma terra sem lei. Cada fabricante vai usar um padrão diferente, e vai fazer a publicidade do número que for mais conveniente.

Isso porque existem mais de um padrão para medir o tempo de resposta. Existe o padrão GtG, que é a sigla de grey to grey, que em português significa “cinza para cinza”.

Por conta das diferentes tecnologias e fabricantes de display, as variações de trocas do pixel variam muito. Até mesmo de qual cor para qual cor você está fazendo a mudança vai influenciar no tempo de resposta. A troca entre tons de cinza é mais homogênea, e acaba servindo como uma referência mais comparável entre várias telas.

Tabela com tempo de mudança entre várias escalas de cinza. Fonte: Rtings

Mas os fabricantes podem medir diversos tempos de transição. Há também a transição do branco para o preto, por exemplo. Por isso a polêmica.

Como saber o tempo de resposta correto?

Então qual a solução? Sendo sincero, é dando pouco ou nenhum valor para o que as fabricantes informam. Sabendo que elas vão escolher só os melhores dados em meio a tantas informações possíveis, só dá pra confiar em terceiros, nesses comparativos
No exterior, quem faz este trabalho é o RTings, com ótimos comparativos de tela e detalhamento nos tempos de respostas.

No Brasil quem está fazendo um trabalho primoroso nesse aspecto é o Peperaio. O comparativo mostra diversos aspectos do tempo de resposta, mostrando dados de diferentes transições.

Exemplo de comparativo do canal Peperaio Hardware.

Com esses testes externos temos todos os monitores sendo forçados a brigar usando as mesmas condições, em uma única metodologia, e aí sim temos um comparativo mais justo de quem tem tempos de resposta melhores.

E por que o tempo de resposta importa tanto? Com um tempo de resposta lento, o pixel vai persistir tempo demais com uma cor antes de transacionar para a próxima. Isso faz com que objetos em movimento deixem um rastro para trás, criando o famigerado ghosting.

Ghosting perceptível no movimento do alien para a direita. Fonte: Vídeo Adrenaline

É fácil ver a diferença entre um monitor com tempo de resposta ruim, comparado com um monitor competente neste aspecto. A movimentação dos objetos acontece com muito mais nitidez, enquanto um monitor ineficiente vai deixar uma imagem muito desfocada.

E o input lag? As vezes a galera confunde essas duas coisas, input lag e tempo de resposta, mas elas são diferentes. O input lag é o atraso entre o sinal ser recebido pelo monitor e ser eventualmente exibido.

Em geral os monitores não costumam errar nisso. Mesmo alinhando pelos piores, no Rtings a maioria esmagadora está abaixo dos 10ms de input lag.

Você vai ver televisores apresentando um input lag mais notável por causa do pós-processamento da imagem, mas é aí que os “modos gaming” neles aparecem. Eles tiram esses refinamentos na imagem para em contrapartida entregar mais agilidade na exibição da imagem.

Resolução de imagem em um monitor bom

A próxima característica muito destacada é a resolução. Ela pode aparecer com grafias diferentes, como Full HD, QHD e 4K. Pode aparecer uma variante, como WQHD, com o W indicado que é um monitor ultrawide.

A resolução determina quantos pixels estarão disponíveis para formar a imagem. Quanto mais alta a resolução, mais alta é a definição. Dá pra mostrar na prática com esse vídeo.

Progressão de incremento de resolução
Progressão de incremento de resolução. Fonte: Wikimedia Commons/Hmagalhaes443

Abaixo temos um vídeo com a progressão de incremento de resolução em uma imagem. Lembre que a comparação só irá até onde vai a capacidade da tela do dispositivo que você está assistindo, então se for um celular Full HD, deixa de ter sentido ver as diferenças em toda as resolução acima disso.

Mas a resolução não pode ser só observada sozinha. É que ela é parte da equação do que realmente importa: a densidade de pixels. Ela mede a relação em quantos pixels temos, e qual a área de tela.

Quanto maior seus monitor, maior deve ser a resolução. É por isso que o Quad HD, ou QHD, que elogiamos em vários monitores com telas de 27 a 34 polegadas como sendo uma boa resolução de imagem, é ruim em uma tela 45 polegadas do LG UltraGear OLED 45.

Uma imagem em uma certa resolução, que funciona bem em um certo tamanho, pode não ficar boa se você aumenta para uma área maior. Você passa a ter uma imagem com baixa densidade de pixels, que além de ficar feia, aproveita mal a área disponível, já que voltamos para aquele problema das interfaces menores não ficarem com boa definição

Não tem valores exatos, já que a percepção de qualidade é subjetiva. O que temos por experiência própria é que o Full HD atende bem até chegar às 27 polegadas, onde você deve começar a cogitar a transição para o QHD. 4K deve ser uma preocupação para televisores, exceto se você tiver exigências altas com definição, como editar vídeos, por exemplo, ou se vai para displays muito grandes, como é justamente o caso do LG OLED UltraGear 45.

E o ultrawide: ao invés da proporção tradicional dos 16:9, temos um pouco mais de pixels no eixo horizontal. Temos um artigo e um vídeo dedicado já no canal só para falar desse formato, então recomendo dar um confere lá pra ver quais as vantagens e desvantagens.

Escala de cores

E vamos para a última especificação que iremos discutir, essa é uma preocupação menor para os gamers, em geral, mas maior para quem vai usar essa tela pra trabalho. As cores.

Vocês vão ver isso normalmente exibido como porcentagens e siglas. Coisas como 100% do sRGB, 95% do DCI-P3, e por aí vai.

Como funciona? Primeiro temos que entender que há um espectro de cores observáveis, que são aquelas que somos capazes de ver.

Representação do espectro de cores visíveis
Representação do espectro de cores visíveis. Fonte: PAR (Wikicommons)

Os monitores não vão conseguir mostrar tudo isso, dada as limitações da tecnologia da tela usada, e é pra medir esse alcance que temos essas porcentagens.

Então um dos padrões mais comuns, e mais básicos, é o sRGB. Ele é a referência para conteúdos online, e oferece 8 bits para cada um dos três canais (verde, vermelho e azul). Isso dá 256 valores por cor, e um total de 16.7 milhões de combinações de valores.

Cobertura do sRGB
Cobertura do sRGB. Fonte: Sakurambo (Wikicommons)

Então um monitor que entrega 100% do sRGB é um monitor capaz de cobrir todas essas cores, exibir todas. E um monitor que faz 130%? Tá inventando cores novas? Claro que não, ele vai ser capaz de exibir cores que vão para além dessas, e é por isso que existem outros padrões.

O segundo mais popular é o DCI-P3. Ele foi criado pela Digital Cinema Initiative, um consórcio das principais empresas do ramo estadunidense de filmes. Ele vai aumentar o alcance das cores no eixo do verde e do vermelho, comparado ao sRGB.

Cobertura do DCI-P3 comparado a sRGB e Adobe RGB
Cobertura do DCI-P3 comparado a sRGB e Adobe RGB. Fonte: BenQ

Outra melhoria pode acontecer no padrão, saindo dos 8-bits para 10-bit por canal. Um monitor operando em 10-bit vai passar a ser capaz de lidar com até 1 bilhão de cores diferentes. O quanto delas ele vai poder reproduzir delas? Aí é outra história.

Novamente, o Peperaio faz esse trabalho aqui no Brasil, e outra referência é Rtings, e é deles que vamos pegar esse gráfico para vocês terem uma ideia de como ler esses relatórios.

Performance de um monitor (pontos) dentro da escala DCI-P3 (triângulo branco) e precisão de cor (quadrados). Fonte: Peperaio Hardware
Performance de um monitor (pontos) dentro da escala DCI-P3 (triângulo branco) e precisão de cor (quadrados). Fonte: Peperaio Hardware

Esse é um monitor sendo testado dentro do alcance de cor do DCI-P3, que é o triângulo branco. Os quadrados são os pontos de referência, a cor na exibição correta, e cada círculo é uma medição feita no monitor tentando exibir essas cores. Como dá pra notar as bolinhas em geral não ficam longe da referência, que seria ficar dentro dos quadrados.

O mais crítico são os tons de verde, que apresentam a maior distorção, com saturação insuficiente, e que fazem a área de cor do monitor em testes conseguir cobrir apenas 98.8% do DCI-P3, que é representado pelo triângulo cinza e a área do triângulo branco que ela alcança. Então quanto maior o valor, melhor. Mas não confunda isso com calibração de cor.

Calibração de Cor

Como toda tela apresenta pequenas variações na exibição da cor, elas apresentam algumas distorções. A calibração da tela busca compensar essas imprecisões.
Para isso a referência é termo menos popular, e que parece até expressão matemática que vai dar estresse pós traumático em alguns de vocês:
Isso é o delta E inferior a 2. A equação usada pra calcular isso é algo que não quero assustar mostrando pra ninguém, então vamos só resumir que é um cálculo que mede a capacidade humana de distinguir duas cores.

O número aceitável vai de 3 a 6, para o Delta E, e apesar de ser possível se aproximar de zero, ninguém consegue perceber essa diferença. Os menores valores vão ficar entre 1 e 2,5.

Então é um padrão da indústria considerar que um Delta E igual ou inferior a 2 como sendo uma calibração excelente, e algo que você deve dar preferência. Não é incomum alguns modelos focados em profissionais prometerem um Delta E inferior a 1.

Delta E inferior a 1 em destaque em tela do notebook Asus Lumina OLED. Fonte: Asus

Só um detalhe: se vai levar bem a sério a calibração, é bom saber que isso precisa ser refeito de tempos em tempos. Isso porque materiais como os cristais líquidos podem envelhecer e mudar de propriedades, então novos ajustes são necessários com o passar do tempo para garantir o reajuste.

Alguns profissionais vão recomendar fazer isso mensalmente, já tem aqueles que só vão recomendar ver seu conteúdo em mais algumas telas para ver se as cores exibidas são as corretas.

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