Animais gigantes podem ter cavado cavernas no Brasil, sugerem cientistas

Fissuras no teto da Toca do Tatu, esconderijo no Sul do Brasil, podem ser obras de preguiças-terrestres gigantes extintas há mais de 10 mil anos. Após despertarem a curiosidade de cientistas por mais de um século, na última década, paleontólogos acumularam evidências que fortalecem a teoria.

Em 2001, a equipe de Sergio Vizcaíno, chefe do departamento de paleontologia de vertebrados do Museu de La Plata, na Argentina, propôs que as marcas de garras nas paredes e tetos de grandes paleotocas poderiam pertencer a preguiças terrestres Scelidotherium e Glossotherium 3 devido à compatibilidade com as garras.

Esses animais eram tão grandes que a Glossotherium robustum, por exemplo, que viveu entre 4 milhões e 12.500 anos atrás, podia ter mais de 3 metros de comprimento e pesar até 1.500 quilos. Mesmo assim, segundo Vizcaíno, as cavernas podem ter sido o trabalho de vários animais durante gerações. “O custo de energia diminui quando o trabalho é feito por muitos indivíduos”, explicou.

De acordo com Néstor Toledo, anatomista comparativo do Museu de La Plata, as preguiças “podem ter começado a cavar para se proteger de um clima mais frio e seco” nas eras glaciais, bem como para esconder seus filhotes de predadores.

Preguiças na Toca do Tatu

Embora houvessem grafites mais recentes — e alguns antigos registros indígenas de mapas nas paredes do local –, os arranhões animalescos surpreenderam os paleontólogos.

O geólogo Heinrich Frank e o paleo-oceanógrafo Francisco Buchmann, líderes do Projeto Palaeoburrows, foram os primeiros a sugerir que a megafauna poderia ser responsável pelas formas na Toca, em 2012. Sendo assim, as tocas sul-americanas de preguiças podem ser os maiores icnofósseis — rastros de organismos antigos — conhecidos até hoje.

A equipe dividiu as paleotocas em dois tipos. As menores, com túneis de 0,6 a 1,5 metros de largura por 0,5–0,9 metros de altura e até 30 metros de comprimento. E as maiores, com mais de 2 m de altura por 4 m de largura, podendo ultrapassar 50 m de comprimento.

A maior de todas está no estado do Pará, na região amazônica, com até 1.500 m de comprimento. De acordo com Frank, há entre 1.500 e 2.000 dessas estruturas na América do Sul, mas nenhuma em outros continentes. Só se tem registro das maiores no Brasil, mas são difíceis de encontrar pois a maioria está repleta de entulho.

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