Abandonado há 17 anos, prédio do antigo Fórum abriga pessoas em situação de rua

Quem passa em frente ao prédio do antigo Fórum de São Leopoldo, na Avenida João Corrêa, no Centro, dificilmente não se entristece com a degradação do espaço, abandonado há 17 anos. Da calçada, o que se consegue enxergar do que restou do edifício de 1.571 metros quadrados distribuídos em dois andares é lixo e destruição.

Prédio está abandonado desde dezembro de 2007 quando o Foro de São Leopoldo  foi para a Avenida Unisinos



Prédio está abandonado desde dezembro de 2007 quando o Foro de São Leopoldo foi para a Avenida Unisinos

Foto: Fotos Renata Strapazzon/GES-Especial

Desde a enchente de maio do ano passado a situação piorou. De lá para cá, um grupo de pessoas permanece de forma fixa no local. Da rua, é possível ver muitas roupas deixadas pelos espaços além de, vez ou outra, um “morador” pulando o muro.

“É assustador e triste ao mesmo tempo ver o que deixaram acontecer com um prédio deste tamanho em uma área nobre da cidade”, lamenta o empresário Ronaldo Dal Zotto, 50. Morador do Centro, Dal Zotto costuma passar próximo ao prédio diariamente, ao fazer caminhadas pelo Centro e diz já não acreditar mais em uma solução para o local. “Já deixaram passar muito tempo. Quanto mais tempo parado, mais cara se torna a reforma, ainda mais para o Estado, que nunca tem dinheiro para nada”, desabafa.

Prédio teve diferentes destinações desde que foi desocupado 

Desde que deixou de ser usado como sede do Fórum, em dezembro de 2007, o prédio já passou para, pelo menos, três novos responsáveis. A primeira destinação foi para a Brigada Militar, para a instalação do 25º Batalhão de Polícia Militar (BPM).

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Em 2010, porém, foi entregue à Secretaria Estadual de Educação, para ser reformado e utilizado pela 2ª Coordenadoria Regional de Educação (2ª CRE) e pelas escolas do entorno. Em novembro de 2019, segundo o Estado, foi afetado para a Polícia Civil com a intenção de abrigar uma Central de Polícia.

No entanto, o projeto, que até 2021 parecia que finalmente daria uma nova utilidade para o prédio, retrocedeu, uma vez que o espaço foi considerado pequeno para as necessidades de uma central. Naquele ano, uma avaliação feita por técnicos da Divisão de Serviços Gerais da Polícia Civil apontou, ainda, o alto desgaste e abandono do prédio. Na época, o custo de recuperação total do prédio foi avaliado na ordem de R$ 9 milhões a R$ 10 milhões.

Prédio do antigo Fórum de São Leopoldo está abandonado desde dezembro de 2007



Prédio do antigo Fórum de São Leopoldo está abandonado desde dezembro de 2007

Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial

“Independente do custo necessário, foi descartado pois o prédio não suportaria mais de quatro delegacias e hoje em São Leopoldo são sete delegacias (3ª DPRM, Deam, Draco, DPPA, 1ªDP, 2ªDP e DPHPP)”, comenta o diretor da 3ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (3ª DPRM), o delegado Eduardo Hartz. Conforme ele, foi aberto um processo administrativo solicitando projeto e orçamento para a construção da Central de Polícia no terreno onde estão instaladas hoje a Draco, a DPPA e a 1ª DP, no bairro Fião.

Andamento do projeto

Em dezembro de 2022 a Polícia Civil havia informado ao Jornal VS que o projeto para a construção da Central de Polícia no endereço referido pelo diretor da regional, estava na fase de concepção de partido arquitetônico e elaboração de layout.

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Já em relação à destinação do prédio do antigo fórum, se há algum outro projeto previsto pelo local, a reportagem do Jornal VS não conseguiu respostas da Polícia Civil à época. Desde a semana passada, a reportagem tentou, novamente, buscar informações com o órgão sobre as duas demandas, mas não obteve retorno.

Apae tem interesse no pátio do antigo Fórum

Vizinha do local, a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) precisou investir pesado nos últimos anos para sanar problemas de furtos e arrombamentos cometidos pelos “inquilinos do antigo Fórum”. Foram cerca de R$12 mil gastos em segurança particular e na colocação de concertinas nos muros.

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“Hoje não temos tido mais problemas com furtos, mas depois da enchente aumentou significativamente o número de habitantes do prédio. Com isso, passamos a ter problemas com a quantidade de lixo depositada inclusive na nossa porta”, comenta a diretora administrativa da Apae, Raquel Dickel. Segundo ela, o espaço, desativado há quase duas décadas, é alvo de interesse da entidade, que estuda solicitar a cedência de parte do pátio do antigo Fórum.

“Aqui temos um espaço físico restrito para os nossos 338 usuários. A área do pátio do antigo Fórum nos possibilitaria termos uma pracinha, um espaço para a prática de esportes. O que aumentaria e potencializaria os nossos atendimentos”, comenta. Diretor financeiro da Apae, Isaías Rosin, conta que a ideia é inserir o assunto dentro das metas para 2025. “Vamos criar um plano de ação e pedir auxílio do Município neste pedido de cedência do espaço junto ao Estado”, comenta. 

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