Estudo associa carne processada ao aumento do risco de demência

Agora é oficial: a carne vermelha processada está associada a um maior risco de demência.

Em agosto do ano passado, publicamos aqui no Giz que um estudo de grande escala identificou uma associação entre o consumo de carne vermelha processada com o aumento do risco de demência.

À época, informamos que o estudo aguardava revisão acadêmica por pares. Mas, ainda assim, os dados preliminares reforçavam a associação entre carne vermelha e demência.

Na última quarta-feira (15), o estudo conduzido em Harvard foi oficialmente publicado após revisão acadêmica.

Portanto, citando a introdução da matéria de 2024, “amantes de cachorro-quente, bacon, salame e outros tipos de carne vermelha processada correm mais risco de desenvolverem demência.”

Se você não se lembra, esse estudo observou a dieta 130 mil adultos participantes ao longo de 43 anos. 11.173 deles desenvolveram demência. A revisão da publicação reitera que carne vermelha ultraprocessada com associação às maiores taxas de demência.

Vale lembrar que, em contrapartida, não há associação entre o risco de demência e o consumo de carne vermelha não processada, seja bovina ou suína. No entanto, o estudo apresentou quedas cognitivas nos participantes que consumiam carne vermelha não processada diariamente.

Três possíveis causas entre carne vermelha processada e demência

Aliás, quando o Giz publicou a matéria do estudo ainda sem revisão, ressaltamos que os cientistas não bateram o martelo sobre a causalidade da associação.

Agora, após a revisão acadêmica, a publicação desta semana surge com mais duas hipóteses. A primeira é mesma que publicamos em agosto:

“Carne ultraprocessada, devido ao alto nível de gordura e sódio, podem impactar a saúde vascular, além de danificar células cerebrais. Doenças crônicas como hipertensão, obesidade e diabetes, as quais são ligadas ao consumo de ultraprocessados, podem afetar os vasos sanguíneos e, consequentemente, o cérebro.”

Agora, uma das novas hipóteses envolve os compostos químicos de carne vermelha ultraprocessada no corpo humano durante a digestão. Os cientistas observaram esses compostos em laboratório, identificando que alguns causavam acúmulo de proteínas amiloides.

Uma das principais características do Alzheimer é justamente o acúmulo de proteínas amiloides. Aliás, a primeira versão do estudo foi apresentada na AAIC 2024 (Conferência da Associação Internacional Contra o Alzheimer).

Por fim, a terceira teoria da associação ao maior risco de demência, segundo os cientistas, é que os nitritos de carne vermelha processada danificam o DNA, prejudicando, portanto, as células cerebrais.

Estudos anteriores sobre a ligação entre carne vermelha e demência foram inconsistentes. Alguns sugeriam a associação, enquanto outros não identificavam.

De acordo com Daniel Wang, principal autor da nova pesquisa, tais estudos tiveram dimensões menores tanto em termos de população quanto de período. O cientista comenta que esses estudos não avaliaram as dietas dos participantes por mais de uma ou duas vezes.

“Por outro lado, nosso estudo registrou mudanças na dieta das pessoas por décadas, fortalecendo nossa descoberta”.

Segundo o cientista, a solução é prática e única: reduzir o consumo de carne vermelha.

“A mensagem é a seguinte: se você puder limitar o seu consumo de carne vermelha, por favor, o faça. Reduzir o consumo, mesmo que um pouquinho, causará benefícios à saúde cognitiva. E se você reduzir o consumo quanto antes, melhor será o resultado”, diz o cientista.

De acordo com o estudo, trocar carne vermelha por fontes de proteína a base de planta apresentaram uma associação oposta. Os participantes que fizeram essa substituição, apresentaram uma redução de 19% no risco de demência.

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