“Estou de joelhos pedindo a Deus para acabar com este sofrimento”, diz paciente que aguarda por cirurgia no HNSG de Canoas

A descoberta de um tumor raro na região dos nervos transformou a vida do promotor técnico Edemilson Viegas Freitas, 47 anos. Diagnosticado com neoplasia de bainha neural do tipo Schwannoma, o morador de Sapucaia do Sul está há mais de seis meses aguardando pelo direito de realizar uma cirurgia pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Em junho de 2024, após consulta em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) de Sapucaia do Sul, Freitas foi encaminhado para o Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG), em Canoas. Com o diagnóstico de um tumor benigno alojado na coluna cervical, o sapucaiense entrou na fila de espera para uma cirurgia de remoção do tumor.

“Estou de joelhos pedindo a Deus para acabar com este sofrimento. Tenho muitas dores. Para amenizar, necessito a cada quatro dias utilizar morfina. O tumor logo vai comprometer os movimentos das minhas pernas. Por causa do descaso com a saúde pública, estou correndo contra o tempo para não perder a mobilidade do meu corpo”, lamenta Freitas. “Fui informado de que havia centenas de pessoas na fila do setor de oncologia do HNSG. Para casos oncológicos, por lei, a espera não poderia ultrapassar os 60 dias.”

Depois de ficar meses aguardando pelo procedimento, Freitas foi chamado para uma consulta na instituição no início deste ano.

“No dia 6 de janeiro, fui atendido por um novo neurocirurgião porque o profissional que estava dando assistência ao meu caso não faz mais parte do quadro de funcionários do hospital. O novo médico me disse que o tumor está em estágio avançado, já comprometendo movimentos, e o Hospital Nossa Senhora das Graças não possui estrutura para esse tipo de procedimento”, recorda.

O promotor técnico questiona o tratamento recebido durante a consulta.

“O médico falou que o tumor aumentou, mas sem realizar nenhum novo exame. A sensação que ficou foi de quererem se livrar do problema, enviando o meu caso para outro hospital. Eles disseram que eu seria encaminhado para o Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, para realizar a cirurgia. Pediram para continuar aguardando”, afirma o paciente.

Segundo Freitas, durante a última consulta no HNSG, uma ressonância foi solicitada.

“Questionei o neurocirurgião qual era a média de tempo para fazer a ressonância pelo SUS no hospital. Ele disse que poderia levar até seis meses. Respondi que não tinha esse tempo para esperar. Tenho um plano ambulatorial, obviamente, ele não cobre cirurgias, mas para exames, sim. Estou tentando marcar a ressonância e pagar o valor da coparticipação”, desabafa.

Sem perspectiva de realizar a cirurgia, o promotor técnico faz um apelo às autoridades.

“Sofro um grande risco de perder os movimentos da cintura para baixo. A saúde e a população merecem mais respeito e cuidado. Estou sem trabalhar. A cada dois meses, preciso apresentar uma série de documentos para o INSS [Instituto Nacional do Seguro Social]. Sem saúde, não posso voltar ao trabalho. A cada dia que passa, o tumor avança”, desabafa.

O que diz a Secretaria de Saúde de Canoas

Em nota, a Prefeitura Municipal de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), informou que a situação do paciente Edemilson Viegas Freitas, está sendo reavaliada nos últimos dias.

“No momento, foi remarcada uma tomografia da coluna para fazer um possível novo encaminhamento, tendo em vista que o paciente estava há muito tempo aguardando o desfecho de seu tratamento. Assim sendo, a nova equipe está analisando todos os casos nos hospitais”, diz o comunicado.

Conforme a SMS, o exame ainda não possui data marcada e a instituição para a realização da cirurgia dependerá do resultado do novo exame.

Hospital Nossa Senhora da Conceição

O Hospital Nossa Senhora da Conceição de Porto Alegre declarou, por meio de nota, que o caso do paciente Edemilson Viegas Freitas não foi encaminhado para a instituição. “Até o momento, não recebemos nenhuma notificação.”